- Discurso de Abertura do Congresso - Presidente da Câmara Municipal de Resende - Eng.º António Borges
No início do seu discurso quis deixar uma palavra de agradecimento à AJUDE pela possibilidade de se poder reflectir sobre a educação em Resende, sustentando que tal facto permite abrir janelas de oportunidade em localidades como aquela. Na sua opinião, a questão do Insucesso Escolar é um problema de todo o país, sustentando que o país se encontra a um nível muito pouco satisfatório quando comparado o espaço europeu do qual fazemos parte.
“Se a discussão deste tema num país como o nosso é muito importante, a discussão do mesmo em Resende é igualmente premente. Não vale a pena entrarmosnum processo de auto-flagelação, mas ser capazes de fazer aquilo que compete a cada um. Nas famílias, nos professores, nosmiúdos, na sociedade,... esta é uma problemática que a todos diz respeito.”
“A sociedade, como a escola, é estática, conservadora e corporativa. É aquilo que sinto, que todos sentimos. Ma só agora começamos a mudar a antiga escola.” A escola encontar-se desajustada para todos.
Deseja deixar a ideia de que é importante que cada um seja cpaz de assumir as suas próprias responsabilidades. Para Resende, as questões da educação e da requalificação do perfil dos concidadãos são fundamentais: o grande desafio é a melhoria da qualidade do ensino. É necessária uma escola e tempo inteiro e de um redicionamento do território para o sucesso.
Ao fim de muitos anos de investimentos no ensino em Portugal, só agora foi possível reconstruir o ensino nas escolas primárias. Assim, as novas oportunidades que falharam no percurso de vida de cada um de nós têm que alcançar os jovens no Norte e no interior do país.
É por tudo isto, que Resende se prontificou a acolher esta iniciativa e a apoiá-la.
- Discurso de Abertura do Congresso - Presidente da AJUDE - Dr. Bruno Cardoso
As primeiras palavras não podem ser senão dirigidas ao Município de Resende, cujo contributo em prol da concretização deste congresso se revelou de suma importância. Consciente de que este é um primeiro passo dos muitos que precisam de ser dados nesta matéria, imprime o desejo de que Resende dê continuidade a este projecto.
O verdadeiro motivo pelo qual seis meses de trabalho valem a pena, é o facto de ser importante ouvir todas as instituições que, a para da AJUDE e da câmara Municipal de Resende, se empenham no debate ao insucesso escolar. Na senda das preocupações, está a promoção da educação, o combate à exclusão social, a luta incessante pelas desigualdades geográficas e um País mais justo e solidário para com crianças e jovens.
Importa dizer que o Estado, os professores, as Autarquias, os educadores de Infância, os auxiliares educativos, os alunos,... todos têm uma palavra a dizer e este primeiro passo etm que ser entendido, porque o é, uma oportunidade para o efeito.
Para a AJUDE, ser jovem é ter a ambição de ver um dia concretizado o sucesso do ensino em Portugal.
- Discurso de Abertura - Directora Regional da Educação do Norte - Dra. Margarida Moreira
“No Norte temos uma ideia de Abandono Escolar: não completamento do ensino pelo facto de ser necessário às famílias que os jovens trabalhem. Para mim, na verdade o abandono é cansaço do insucesso. Do mesmo modo, no meu entender, não se deve combater o insucesso, mas promover o sucesso.”
Confrontamo-nos com um problema muito sério. Estamos no início do séc.XXI e ainda persiste uma herança do Estado Novo. Não nos enganemos, porque todos os anos 15% dos jovens não completa a escolaridade básica obrigatória, e o mesmo sucede no ensino secundário. Par além da herança, recebemos no dia-a-dia a conta corrente de tudo isto. O que é necessário não é apontar a culpa, mas encontrar a solução e uma maneira de valorizar a escola.
“O facto de ter contacto com várias crianças do leste europeu, permitiu-lhe perceber que Portugal sofre de um problema cultural. A escola tem que ser um local de prazer porque é o local de trabalho das nossas crianças e dos seus ídolos, que são aqueles da bola, da televisão,... e aos quais elas reconhecem trabalho o que lhes dá um sentido de socialização no trabalho escolar.”
“Somos muito injustos enquanto culpabilizadores do insucesso para a escola. A matemática é treinar, exercitar. E n´so socializamos com frases como: chumbaste porque não estudaste. Os reforços sucessivos que naturalizam o insucesso escolar é algo em que todos temos que pensar. Os alunos de leste têm uma capacidade fantástica, eles conseguem gostar da escola. Portanto, o nosso problema é cultural.”
“Enquanto organização, poruqe ninguém individualmente consegue fazer nada, a escola tem que criar uma equipa que considere que os nossos miúdos são capazes como os outrso e ajudá-los. Temos que repensar a nossa maneira de pensar.”
“Acho óptimo que uma Associação, um grupo de jovens, decida dar o rosto e propiciar uma oportunidade para o sucesso local, como o faz a AJUDE.”
“Esta matéia é demasiado importante para ser só do Governo.”
“As pessoas de resende acreditam que o seu futuro vale a pena. Dizem mesmo por aí que isso significa novos desenvolvimentos e até mesmo sucesso escolar. Em Resende, acredita-se que aproveitar ofertas de formação desenvolve a localidade e dá esperança de que é possível os jovens continuarem a estudar e estudar no Ensino Superior.”
Convida a AJUDE para desenvolver em conjunto uma iniciativa de futuro. Para Resende, fica a promessa de que no próximo ano ficarão concluídas por parte da Autarquia as condições físicas para que o ensino em Resende não se desculpe pela falta de condições.
“ A natureza privilegiou Resende com uma riqueza extarordinária mas há que acreditar, como o Sr. Presidente da Câmara, que a riqueza de Resnede são as pessoas e as crianças.”
- Apresentação do diagnóstico do absentismo, insucesso e abandono escolar em Portugal - Vice-Presidente da AJUDE - Artur Ventura
A fonte principal do diagnóstico intitulado “Perspectivas sobre o Absentismo, Insucesso e Abandono Escolar em Portugal” foram os dados do GIASE. Permitindo recolher dados oficiais a partir de uma análise exaustiva da realidade, foi possível o apuramento de algumas conclusões. Deste modo, há de facto um número reduzaido de alunos nos diversos graus de ensino ao mesmo tempo que se verifica uma má qualidade. Para a Europa a batalha da educação e da qualificação é uma arma decisiva para resistir à competitividade económica. No entanto, os resultados levam-nos a concluir que a batalha não será bem sucedida.
Igualmente desanimador, para a OCDE a educação continua a ser “uma indústria retrógada, onde se trabalha no isolamento”. No último relatório da Comissão Europeia consta que os resultados atingidos por Portugal em matéria de educação são “decepcionantes”.
- Reportagem da AJUDE - Um olhar sobre o Insucesso Escolar - Tatiana Almeida
O Departamento de Reportagem da AJUDE realizou ao longo de três meses uma série de entrevistas aos cidadãos portugueses no sentido de aferir a sensibilidade destes face aos problemas da Educação no nosso país. Passando por Lisboa, Santarém e Abrantes, e entre Professores, pais, alunos, jovens e crianças, as opiniões divergem, mas ainda assim tentam confrontar todo o pessimismo com alguma esperança por um futuro melhor.
- Representante da CONFAP - Dra. Maria José Viseu
A canção Fisga – Rio Grande funciona como ponte para o tema do Insucesso.
“Quando encaramos a escola como organização, ela tem que ser um instrumento de construção e não uma solução para os problemas.” Falar de insucesso é também falar da situação económica da família ao mesmo tempo que importa considerar o grau de instrução da família, a língua materna e a etnia.
“Como é que uma mãe pode acompanhar a educação dos filhos com um grau de instrução fraco?”
Para a Presidente da CONFAP, o insucesso e o abandono escolar é maior nas famílias de etnias diferentes verificando que é nessas situações que existem problemas de violência abandono familiar. O meio é outra das preocupações, a seu ver se localmente não existirem bibliotecas e locais de estudo o problema intensifica-se. Problemas como a falta de ambição, auto-estima e capacidade cognitiva bem como uma oferta educativa insuficiente são algumas das causas do problema. O desenvolvimento comunitário revela-se o mais importante na medida em que “só quando toda a comunidade trabalhar no mesmo sentido é que vamos conseguir alguma coisa. A escola é o rosto da sociedade mas não pode ser a solução do problema”.
“ Das 1000 crianças apoiadas pelo GAF (Gabinete de Apoio à Criança – IAC) 75% tiveram sucesso, mas infelizmente vivemos me Portugal e esta iniciativa, pela falta de verbas, vai terminar”.
A relação da escola com a comunidade. Defende uma actuação local como é exemplo a associação de pais, as autarquias, organizações governamentais e não governamentais. Para a concretização de uma escola ideal, é necessário pôr em prática qualidades que não se ensinam com palavras porque não podemos ser considerados cometendo o insucesso.
“Quero voltar aqui e ouvir dizer que Resende é o primeiro concelho com o maior sucesso escolar”.
- Representante da Associação Nacional de Professores - Dr. João Grancho
“Seria de bom senso considerar o insucesso ou o fracasso como características intrínsecas dos alunos, mas como uma conotação dada à partida pelos que à distância classificam o abandono escolar”. O ciclo de avaliação da realidade volta sempre ao mesmo ponto.
Uma forma de combate ao insucesso é a implantação da rede pré-escolar, entre outros programas que pretendem encontrar uma forma combativa. Quando falamos de insucesso pensamos sempre no ensino obrigatório, mas urge adoptar uma postura de envolvimentos.
“A escola não conhece a pessoa do aluno. A partir do momento em que a criança entra no pré-escolar tem que haver um acompanhamento deste ser que está a adquirir competências e que será um ser social do futuro”. Há dificuldades que os alunos apresentam no que toca à aprendizagem e os jovens não têm o hábito de falar dos seus problemas.
É necessário falar na regionalização/ territorialização da educação. Não há nenhuma equipa ministerial que consiga resolver os problemas a partir do centro. Sendo que é na escola que acontecem os problemas é à mesma que cabe conhecer e tomar medidas.
“Muitas vezes perde-se o contexto da realidade social e é aí que temos que pensar que é em termos locais que conseguimos colmatar as dificuldades. Aquilo que nos interessa é que os nossos jovens se sintam integrados na nossa sociedade chamando à escola toda a comunidade educativa”. Falar de regionalização é falar da autonomia das escolas e na sua capacidade de intervenção com financiamento para o efeito. Assim, cada escola teria que responder e ser avaliada pela comunidade. De certa forma, a ideia é criar uma dicotomia entre pais e professores, cujos papéis se tocam mutuamente.
“Á maneira portuguesa, humanismo e solidariedade, seremos capazes tanto como os outros desde que nos concedem capacidade de decisão nomeadamente dentro da escola”.
- Representante da Associação Nacional de Municípios - Engª Maria Gabriela Tsukamoto
Neste momento, a culpa pela situação da educação em Portugal está sediada nos professores e nos autarcas. Na realidade, as competências que a Autarquia tem para com a educação prendem-se muito com os equipamentos.
“Enquanto autarca, considero que isto é uma grande demissão do país – onde a Constituição nos diz que todos têm direito à educação - que passa a pasta às autarquias. E no meio dos papéis as escolas vão ficando para trás.”
Quem vota são os adultos, e podemos pensar que isto não importa. Mas a verdade é que acabamos por estar só dependentes da boa vontade dos Munícipes. Há autarquias a gastar 1 euro por ano por aluno. Defende por isso, a necessidade de haver uma política educativa a nível local. Tratando-se de um trabalho de continuidade não se pode estar dependente dos presidentes de câmara cujo mandato muda de 4/4 anos. É um trabalho que cada vez mais tem que ser feito a nível local.
Somos um país essencialmente rural, com muitas assimetrias e que de região para região essa heterogeneidade muda. No Alentejo, com o pesa da desertificação/migração, o que acontece é que o território fica deserto e quem insiste em ficar enfrenta problemas de sustentabilidade graves. Do mesmo modo, há um problema a nível educativo muito grande. A verdade é que as pessoas dessas localidades pretendem levar os seus filhos para as universidades mas essa expectativa, que é enorme, muitas vezes acaba com o abandono muito mais cedo, ainda na escolaridade obrigatória. O que acontece é que vão para o mercado de trabalho sem qualificações deparando-se em muitas situações com trabalho precário.
Tem que haver um projecto em termos de qualidade educativa. Há que investir para dotar as pessoas de competências para que se verifique inovação e competitividade. O mundo rural é muito preocupante. As crianças de Nisa sabem muito, é um sítio onde impera um dialecto próprio e há muito a aprender com elas. Quando foi para lá preocupou-se em conhecer os alunos. “Gostaria de perguntar à Ministra da Educação porque é que muda tantas vezes os professores. O processo de colocação tem cada vez mais números, é muito difícil que deste modo o processo de educação se concretize”.
“Gostaria de construir um projecto de escola ideal”. Na sua câmara 30% do orçamento vai para a educação. No seu sonho que gostaria de tornar real, sabe que temos força e mesmo Associações como a AJUDE… O poder que temos é notório na nossa capacidade de intervenção que se concretiza na nossa participação neste Congresso. É um passo. Há pouco diziam-me que quando o povo levanta as pedras da calçada o Governo treme.
“O que é o Sucesso? Gostaria de ver respondida a minha questão um dia…”
- Instituto da Inteligência - Prof. Doutor Nélson Lima
- Representante da UGT - Dr. António Guedes da Silva
“A maior parte dos desempregados são aqueles que não cumprem a escolaridade obrigatória.” Um dos grandes problemas de que resulta a precariedade no trabalho é o papel da Escola e a forma como ela é vista.
As pessoas sabem e sentem que é necessário aprender. O facto de a aposta na formação não ter um resultado imediato faz com que se prefiram formações breves e cujos resultados se evidenciem de imediato. Mas é preciso ter-se perspectivas a médio e longo prazo.
“ Quando falamos de abandono e insucesso escolar temos que perceber que isso começa nas famílias, as quais muitas vezes não estão sensibilizadas para a importância da educação. É essencial a motivação dos professores, alunos e de todos aqueles que estão ligados à educação. As escolas têm que ter capacidade para actuar nomeadamente apoio técnico especializado. Temos regulamentação a mais e autonomia a menos, os meios não nos são dados e as coisas não avançam. Temos hoje a concorrência de uma imigração muito bem qualificada e os problemas de Portugal tendem a agravar-se”.
Temos que pensar a Educação tendo em conta as nossas necessidades e as nossas empresas. Há que começar pela escola e pelo poder regional, o centralismo entope o caminho que necessitamos de percorrer rumo ao sucesso.
- Representante da CCP - Dr. Pedro de Almeida Freire
Fala da importância de um segundo Congresso para o próximo ano pelo facto de esta ser uma iniciativa de suma importância para o país.
“ A consequência do insucesso escolar tem a ver com os problemas de competição do nosso país”. Falamos de insucesso escolar, de uma dificuldades do esforço de competitividade as empresas, empresários, dirigentes, … As escolas técnicas foram extintas e não foram substituídas o que implicou anos de impreparação do sistema de ensino para o sistema de trabalho, ao qual coube a tarefa de dar formação. “O próprio serviço militar, que até então foi responsável por muitas formações, foi uma perda muito grande do mercado de trabalho”. Assim, temo-nos confrontado com um recrutamento para o mercado de pessoas sem formação.
“O sector de serviços é muito importante para a Economia, do ponto de vista da competição, então, temos um grande número de empresas que são criadas e geridas por pessoas sem competências. Isso implica que o próprio empresário fique sem trabalho e que deixe no desemprego os seus trabalhadores”.
“Pode-se também falar da indústria e do turismo. Hoje a competição faz-se pela qualidade, é errado quando pensamos que o que interessa é o preço. As empresas desenvolvem-se nas áreas onde há uma competência pelo melhor. Ela pauta-se por standards cada vez mais altos. Contudo, verifica-se que os standards exigidos são baixos. Existe mesmo uma certa cultura de alguma complacência. Um jovem é formado num sistema de ensino, forma hábitos e toma atitudes, e depois entra no mercado de trabalho onde a avaliação é permanente”. Considera que os jovens estão cada vez menos preocupados e as empresas fecham.
“ Tem havido alguma tendência para baixar os standards para que o insucesso diminua, mas o importante talvez seria aumentá-los. Ninguém vai pássaro resto da vida a trabalhar com aquilo que aprendeu na escola. Aquilo que a escola tem para dar é um conjunto de competências básicas com alguma exigência. É necessário não só fazer contas, mas fazê-lo rápida e eficazmente”.
- Representante do IEFP - Dra. Marisa Montela
“Antes de mais quero felicitar a AJUDE por ter trazido este Congresso para Resende, área fora da sua zona de actuação”.
“ Falar das consequências do abandono escolar no mercado de trabalho é abordar um tema dominante nas listas do centro de desemprego, e que se prende com o baixo nível da realidade social em Portugal. Os índices muito baixos de socialização atingem os mais velhos e também os mais jovens”.
Numa avaliação do IEFP, verificou-se que a média de desemprego dos licenciados é de 8 meses. Importa superar um défice de formação e qualificação em Portugal para que se tenha uma sociedade que consiga resolver todas as suas vicissitudes.
“ O que está a ser feito neste sentido:
O Primeiro-ministro no Debate sobre o Estado da Nação apontou um caminho que é o caminho certo o qual se passo a desenvolver muito mais no dia-a-dia. Criou-se uma ligação entre o Ministério da educação e o Ministério do trabalho, coisa nunca antes vivida. Em termos de educação e formação começaram a encaixar-se peças de um puzzle. Neste momento os cursos de formação profissional são desenvolvidos em união e sintonia com o mercado de trabalho. E também é verdade que todos os centros de empregos estão a completar o seu leque de utentes”.
“ Para nós, a aplicação dos fundos comunitários ainda é pouco, mas nos próximos anos vão haver mais verbas para aumentar os recursos ao dispor de Portugal. As verbas servem para concretizar novas iniciativas e abrir novas oportunidades. A formação vai passar a ser mais exigente. A formação contínua para adultos tem que passar por uma formação escolar e profissional”.
Segundo estudos da OCDE, o nível médio de qualificação básico é também uma polémica que muito contribui para a desigualdade do género, as mulheres representam 56% dos desempregados de longa duração.
- Representante da PSP/GNR “Escola Segura” - Comissária Carla Costa
“O programa “Escola Segura” funciona desde 1996/97 com o objectivo de reduzir o sentimento de insegurança nas áreas escolares aumentando a segurança ao mesmo tempo que cria laços duradouros com a escola e as crianças”.
Neste momento, dos 3.043 estabelecimentos de ensino públicos e privados que o programa abrange, 1648 são escolas do ensino básico 1º ciclo, 822 dos 2º e 3º Ciclos e 385 do secundário. A PSP está distribuída por 22 comandos, um em cada capital de distrito, envolvendo 375 agentes policiais empenhados nas actividades da Escola Segura numa missão muito específica.
“A população da comunidade escolar que abrange não é o ideal mas têm-se lançado alguns resultados: 3320 acções de sensibilização e de formação, as quais servem para chegar às pessoas tentando perceber os problemas reais das pessoas, comportamentos de risco e tipologia criminal”.
“Desde o início do Programa (1998/99) que se registaram 19.112 ocorrências criminais. Houve um aumento desde então mas esses números não são significativos. A própria sensibilização que é feita às pessoas poderá contribuir para que haja um aumento de denúncias. O tipo de crime que prevalece nas áreas escolares é o roubo e furto verificando-se 33% de agressões”.
“Quanto á caracterização do suspeito em situações de agressão nomeadamente a professores mais de 50% são desconhecidos alunos e familiares de alunos, sendo que 87,9% são do sexo masculino. As vítimas são também na sua maioria indivíduos do sexo masculino. Nos furtos é aleatório o género da vítima sendo que o objecto mais procurado é o telemóvel. Há ainda uma maior tendência para se vitimar um aluno do mesmo sexo nestas situações em que a maior parte dos implicados são alunos.” Cita David Farrington quanto aos factores e risco para a violência juvenil:
Psicólogos;
Familiares;
Violência familiar;
Colegas delinquentes;
Baixa condição socio-económica;
Residir em centros urbanos;
Residir em centros rurais;
Consumo de bebidas alcoólicas e estupefacientes;
É neste sentido que “ programa “Escola Segura” pretende garantir as condições de segurança escolar e promover acções de segurança”. A vigilância nas escolas é feita com o policiamento dos percursos habituais das crianças e realizar acções de sensibilização, dirigidas para a prevenção da toxicodependência e alcoolismo e de formação junto da comunidade escolar e em articulação com os conselhos executivos e Autarquias.
“ A prevenção e a redução do Absentismo resulta da articulação dos vários agentes sociais e entidades protectoras da criança e da família, assim como a escola e as Forças de Segurança”.
- Representante da DREN - Prof. Doutor José Rocha
Faz um diagnóstico sumário das Consequências do Insucesso e Abandono Escolar.
“ Uma situação de insucesso revela que há alguém que ainda não adquiriu competências para ser qualificado”. Há, pois, uma dimensão individual que evidencia o perfil dos alunos e os níveis baixos de auto-estima, auto-conceito e autoconfiança. E também uma dimensão económica como o trabalho ilícito da criança, precariedade laboral, falta de qualificação e menor apetência para esta.
“Quando a criança abandona a escola fá-lo por vontade própria e por persistência face à autoridade dos pais. Mas o momento de abandono prende-se com outro contexto, o de inserção. Como maioritariamente somos desenraizados com a nossa terra, o momento de ruptura com a escola é coincidente com a descoberta de outro lugar para si”.
“ Muitas vezes esquece-se que as crianças têm estatutos independentemente da autoridade dos pais. Para além da falta de apetência para a qualificação, os pais dos maus alunos, por norma, não vão à escola. A ideia da formação está ligada à escolarização e isto não é atractivo para quem não for bem sucedido”.
Há também uma dimensão social, na qual se verifica desemprego, risco de marginalização e uma situação de exclusão social.
“ O problema do Abandono, porque gere gente não socializada e não qualificada cria um sentimento de necessidade de maior segurança. É a não inserção que leva a fenómenos de delinquência devido ao desajuste das pessoas. A participação em sociedade passa por saber quais os domínios de acção das pessoas e quando não há participação é porque as pessoas não têm competências e deveriam ter. Não têm porque não têm escolarização fundamental para as adquirir”.
“ Quem não sabe das leis é vítima delas e é neste ponto que a dimensão política tem muita importância. A participação na vida colectiva e o exercício do direito da cidadania bons exemplos”.
Sente que estamos a caminhar para o esgoto e que as forças já não subsistem.
“Contextualizando. A globalização, economia e sociedade globais, vai ditando leis no Espaço Europeu. Cito um provérbio chinês: «se quiseres um ano de prosperidade semeia cereais, se quiseres 10 anos de prosperidade planta arvores, se quiseres 100 anos de prosperidade educa os homens». “ Urge fazer da economia europeia, baseada no conhecimento, a mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir o sucesso”.
“Há uma necessidade absoluta de aprendizagem ao longo da vida. Independentemente do nosso cargo não há como dispensar de aprendizagem para saber ser e estar nos mais variados contextos investindo em si a competência sempre que se verifique não ter. Nós, professores, não fomos formados para resolver problemas. O arquitecto, o engenheiro electrónico, …. Têm que resolver problemas nós ensinamos, debitamos conteúdos. A escola é ela própria fonte de problemas e para isso há que desenvolver parcerias dentro da escola para resolver todos os problemas, só assim se pode verificar que há fenómenos não desejados”.
A União Europeia tem três objectivos estratégicos: aumentar a qualidade e a eficácia dos sistemas de educação e formação da U.E; facilitar o acesso de todos aos sistemas de educação e formação na U.E e abrir ao mundo exterior os sistemas de educação e formação na U.E.
“ Para as escolas responderem aos requisitos das medidas políticas serão precisos 50 mil professores, sendo que agora temos 20 mil no desemprego, precisaríamos de recrutar mais 30 mil. Temos que ler tudo percebendo o que é que está associado a estes fenómenos e medidas. Esta missão nacional não se faz só com as escolas nem com centros de formação profissional. As parcerias são obrigatórias para este objectivo e as empresas têm um lugar muito importante. Cabe também às autarquias saber quais as grandes apostas em termos de concelho. A conjugação tem que ser feita assim: associações empresariais, responsáveis industriais, agentes locais, têm que definir um caminho de sobrevivência”.
Metas a atingir:
- Deverá ser alcançada uma média europeia não superior a 10% de casos de abandono escolar precoce;
- Nº total de licenciados em matemática, ciências e tecnologias na U.E deverá registar mais de 15%;
- 85% dos adultos com 22anos deverão ter concluído o ensino secundário;
- Jovens de 15 anos com fraco aproveitamento de leitura deve ser reduzido me 20% em relação ao ano 2000
“ Pensar Global, agir local. A Europa pensou Global, mas o agir tem que ser local”!
- Representante da Unidade de Educação de Adultos da Universidade do Minho - Dra. Raquel Oliveira
Numa apresentação que chamou a atenção de todos para a importância da educação ao longo da vida, ou seja, a formação constante dos cidadãos, a especialista sublinhou a importância de não se desistir dos adultos, porque todos somos capazes de aprender em qualquer altura da vida. Daí que seja cada vez mais necessário empreender inicitivas vocacionadas para o Ensino de pessoas adultas que por algum motivo terão desistido de estudar.
Estas iniciativas devem ser apoiadas em políticas sociais duradouras e sustentadas, onde a Escola deverá assumir o seu papel de sector de investimento prioritário do Estado, com diversidade na acção e nos actores que promovem o sucesso escolar.
- Representante da Escola da Ponte - Dr. Paulo Topa
Entre as várias «boas práticas» apontadas pelo Dr. Paulo Topa, podemos destacar o estímulo que é dado aos alunos em termos de participação cívica, quer seja por inicitivas como a Assembleia da Escola, a Auto-planificação, a Auto-avaliação (levando os alunos a afirmar «eu já sei» e «posso ajudar em»), onde os projectos são escolhidos pelos alunos, tornando-os actores principais na gestão do seu próprio currículo.
Os grupos de resolução de problemas dos alunos são também eles formados por alunos, que formam comissões de ajuda para os colegas com mais dificuldades. Outra conclusão importante que importa retirar desta apresentação, é o foco constante na gestão que é feita dos alunos do seu trabalho e do seu percurso escolar, em tutoria com os pais, e em parceria com o trabalho em equipa dos professores.
- Representante da ANESPO - Dr. Serafim Rodrigues
Serão as Escolas Profissionais Escolas de Sucesso? É esta a grande questão que nos foi apresentada pelo Dr. Serafim Rodrigues. E a resposta é sim. De facto, quando comparadas com as escolas de ensino regular públicas, as Escolas Profissionais apresentam melhores resultados de aproveitamento escolar e nas próprias taxas de conclusão. Contudo, importa também referir que por vezes os alunos destas escolas abandonam o curso porque entretanto encontraram colocação no mercado de trabalho. Uma entrada precoce quiçá, mas que ainda assim corresponde às necessidades da entidade empregadora.
Uma outra chamada de atenção vai para o facto de que existe uma grande procura por parte dos jovens portugueses por estas escolas, mas que devido ao numerus clausus imposto pelo Ministério, todos os anos 53% dos alunos não se podem matricular.
- Psicóloga Clínica - Dra. Lara Alves
Numa abordagem bastante pedagógica, esta especialista procurou acima de tudo enunciar algumas regras ou práticas que os professores podem ou devem adoptar nas suas de aula, de forma a promover o sucesso escolar dos seus alunos, e ao mesmo tempo potenciar as técnicas de aprendizagem utilizadas.
Os professores devem procurar principalmente ser eficazes nas suas tarefas, melhorando o ambiente nas salas de aula. Para tal, devem estar sempre atentos e não permitir quaisquer tipos de mau comportamento ou desrespeito das suas normas. Para além disso, devem procurar ser coerentes, rigorosos, e manter a turma sempre bem comportada, pois só assim é que se pode criar um bom ambiente de estudo e de trabalho.