Discursos oficiais
- Discurso de Abertura pelo Presidente da AJUDE - Dr. Bruno Cardoso:
Exma. Sra. Directora Regional de Educação do Norte
Distintos Congressistas
Gostaria de começar por saudar o Município de Resende por acolher e participar activamente neste I Congresso Nacional de Combate ao Insucesso Escolar.
Sabemos que é o primeiro passo no caminho longo que esta matéria tem a percorrer. Estamos seguros de que Resende dará continuidade ao trabalho realizado e às conclusões deste Evento.
Queremos ouvir as opiniões de instituições que, tal como a AJUDE e a Câmara Municipal de Resende estão empenhadas no combate ao insucesso escolar.
Há ainda um longo caminho a percorrer. Mas é importante que todos possamos dar o nosso contributo para consolidar a promoção da educação, o combate à exclusão social, a luta incessante pelas desigualdades geográficas e um País mais justo e solidário para com as suas crianças e jovens.
A Educação deve ser a pedra basilar da sociedade;
Resende deu o primeiro passo. Resende, meus amigos, deu o exemplo; com esta adesão é possível que este ciclo de Congressos não fique por aqui. Em 2007 é provável que organizaremos o Segundo em parceria com outra instituição que procure dinamizar o seu Concelho e a sua área educativa.
16% de taxa de insucesso escolar. Não será este um número suficientemente significativo?
26% da população entre os 25-64 anos têm um nível de escolaridade superior ao secundário, enquanto a média europeia ronda os 70%.
Um em cada dois alunos não transita no 12º ano.
Mas deixemos os números para a apresentação seguinte.
Há uns anos atrás enquanto estudante lembro-me de ter lido um texto para uma disciplina que traduzia a seguinte ideia:
O sonho de um agricultor é ter um filho a trabalhar na Indústria. O sonho de um Industrial é ter o filho a trabalhar no sector dos serviços, e assim sucessivamente. Isto dá que pensar. Não terá chegado a hora de dizer basta? Abandonar a escola só para ir trabalhar para uma Indústria porque o Pai assim o sonhou não será um egoísmo? Convido-vos a reflectir sobre isso…
Mas este Congresso não se distingue só pela inovação. É também um Congresso que reverte a totalidade das suas receitas para o programa que a AJUDE vai lançar ainda este mês numa zona com elevados índices de exclusão social, promovendo acompanhamento de crianças com necessidades educativas.
País que tem dedicado grande atenção e esforços a esta matéria, que não podemos deixar cair no esquecimento. Há progressos que nos cumpre encorajar, e há responsabilidades históricas às quais o País não pode virar as costas.
Enfrentamos todos os mesmos desafios.
A única saída é procurarmos soluções em conjunto.
Para isso, precisamos de uma sociedade mais activa e participativa;
Devemos isso a nós próprios.
Devemos isso aos nossos filhos.
- Discurso de Encerramento pelo Vice-Presidente da AJUDE - Artur Ventura:
Exmo. Senhor Presidente do Conselho Nacional de Educação – Prof. Doutor Júlio Pedrosa,
Exmo. Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Resende,
Exma. Senhora Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Resende – Prof. Dulce Pereira,
Exmos. Senhores Professores,
Exmos. Senhores Convidados,
Exmos. Colegas,
Minhas senhoras e meus Senhores,
Antes de mais, gostaria de em nome da Associação Juvenil para o Desenvolvimento agradecer à Câmara Municipal de Resende todo o apoio, amabilidade e simpatia com que nos receberam na sua bela casa.
De facto, o empenho demonstrado pela autarquia em apoiar esta iniciativa, reflecte bem o interesse das autoridades locais em conhecer melhor os problemas da Educação, e procurar resolve-los.
Uma segunda nota de agradecimento é dirigida a todos os oradores que aceitaram o nosso convite para participar neste Congresso. Sem dúvida que através das suas apresentações, todos nós ficámos a conhecer melhor as causas, consequências e soluções para combater o insucesso escolar em Portugal. Para além disso, as experiências que foram partilhadas e o conhecimento que foi transmitido a todos os participantes acerca destes fenómenos, enriqueceu-nos e chamou-nos à atenção para os diferentes pontos de vista de um mesmo problema, tornando desta forma as discussões úteis e muito valiosas.
Gostaria ainda de expressar em nome da AJUDE, o nosso profundo agradecimento a todos os voluntários que ajudaram a tornar este evento uma realidade, e cuja dedicação e força de vontade servirá para sempre de exemplo a todos nós.
Por todos aqueles que estiveram presentes, por todos aqueles que quiseram participar neste fórum de discussão, enfim, por todos aqueles que partilham esta vontade de combater o insucesso Escolar, importa dizer que este evento que agora termina, não será com certeza o último. No próximo ano, queremos repetir este Congresso numa 2ª edição, e para tal, aproveitamos esta oportunidade para lançar já o convite a qualquer Autarquia que o queira acolher, e esperamos poder contar com a vossa presença.
Com efeito, este 1º Congresso Nacional espelha de uma forma quase perfeita a raíz da nossa motivação e a própria razão de existência da nossa Associação: combater o insucesso escolar.
Quer seja através do apoio a crianças com necessidades educativas, quer seja através das diversas actividades que desenvolvemos junto da comunidade ou de inicitivas como esta, a verdade é que a AJUDE, com apenas 3 anos de existência, afirma-se cada vez mais no plano nacional com um projecto útil, com futuro, e no qual vale a pena investir.
O desenvolvimento do país, como todos nós sabemos, é um conceito indissociável do desenvolvimento dos nossos jovens, da existência de um bom sistema de Ensino, de uma sociedade com valores exemplares e que se preocupa com os seus jovens. Portanto, o desenvolvimento do país é indissociável de uma cidadania activa e responsável no combate aos problemas do presente, para que eles não existam no futuro.
Contudo, devemos ter a humildade de reconhecer que a educação não se esgota nestes temas por nós debatidos. Como dizia Heidegger, é a ensinar, no sentido de educar, que é muito mais difícil aprender. E o que é a educação nos nossos tempos? Se observarmos a raiz da palavra portuguesa «educar», ela significa, criar, desenvolver, levar para diante, puxar, levar connosco, erguer, construir, ou seja, envolver, motivar, mostrar e apontar possibilidades. E julgo que foi isso que alcançámos nestes dois dias. E se tivermos sabido preservar os momentos que partilhámos neste Congresso, podemos muito bem influenciar não apenas os presentes, mas sim todos aqueles que nos rodeiam para além das paredes deste Auditório, para além dos limites das cidades, abrindo novos caminhos rumo a uma consciençalização colectiva e a um debate cada vez mais amplo destes problemas, conduzidos pelo desenvolvimento de novas ideias e conhecimentos variados, e isso, parece-me, é que é verdadeiramente o objecto da educação.
Com efeito, o trabalho que temos vindo a desenvolver incide precisamente na faixa etária da população que comandará os destinos de Portugal amanhã, e não podemos ficar impávidos face a tudo aquilo que ao longo destes dois dias pudemos ouvir.
De facto, tem de haver uma mudança. As crianças e jovens deste país não podem continuar a ser consideradas apenas como cidadãos sem poder de voto, ou irresponsáveis e irreverentes, e cabe a cada um de nós dar o primeiro passo no sentido de transformar os flagelos actuais da nossa sociedade em algo de bom no futuro.
Como anunciava o Relatório da UNESCO sobre a Educação para o Séc. XXI “A educação escolar, em complemento da acção da família, constitui hoje um esteio nevrálgico para a promoção do desenvolvimento humano e para a formação de cidadãos mais autónomos, livres, empreendedores e solidários, uma decisiva alavanca para que cada ser humano tome conta do seu destino, em paz com os seus concidadãos”.
Num mundo em constante mudança e num tempo de vida tão curto como é o nosso, não nos podemos esquecer que depende de nós tornar este mundo um pouco melhor do que quando o encontrámos.
Como diz um velho provérbio chinês: “Se quiseres um ano de prosperidade, semeia cereais. Se quiseres dez anos de prosperidade, planta árvores. Se quiseres cem anos de prosperidade, educa os homens.” - Guanzi (c.645 a.C.)
Em suma, e para terminar, julgo que em termos gerais a grande coclusão que retiro deste Congresso é que a educação em Portugal sofre de vários problemas oriundos de si mesma e da nossa sociedade. Ainda assim, eu considero que existirá esperança para melhorarmos este panorama no futuro, basta que a nossa geração tenha a ousadia intelectual e o atrevimento necessário para enfrentar estes desafios com a noção de que ao mudarmos algo que está mal na nossa escola, nas nossas ruas e nas nossas casas, podemos não estar a mudar o mundo, mas estaremos com certeza a torná-lo um pouco melhor.
Muito obrigado a todos.
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