1º Congresso Nacional de Combate ao Insucesso Escolar

14 setembro 2006

Conclusões do Congresso

Exmos. Senhores Convidados,

Neste primeiro Congresso de Combate ao Insucesso Escolar foram desenvolvidos esforços significativos no sentido de apontar às questões preocupantes os caminhos acertados para potenciar o sucesso do sistema de ensino em Portugal.

Para tal, o diagnóstico apresentado acerca do Absentismo, insucesso e Abandono escolar em Portugal permitiu recolher dados oficiais, que assentam na preocupação exaustiva em analisar a realidade social, e encontrar as seguintes conclusões:

- Reduzido número de alunos nos diversos graus de ensino.

- Má qualidade dos resultados obtidos pelo sector.

- A Europa arrisca-se a perder a batalha da educação e da qualificação, arma decisiva para a competitividade económica.

- A OCDE afirma que a educação continua a ser “uma indústria retrógrada, onde se trabalha no isolamento”.

- O último relatório da Comissão Europeia considera que os resultados atingidos por Portugal em matéria de educação são "decepcionantes".

A reflexão sobre as causas e respectivas consequências do abandono e insucesso escolar, enquanto ponto de partida para um debate sólido, permitiu descortinar problemas específicos e preocupantes.

Assim, importa dizer que o combate ao insucesso escolar começa no ensino pré-escolar altura em que são desenvolvidas as primeiras aprendizagens sociais.

A ideia de que a escola não conhece o aluno enquanto indivíduo que chega à escola com uma história de vida, foi consensual. Muitas vezes o professor vê-se obrigado a cumprir os programas e não tem tempo para estabelecer uma ligação mais consistente com os alunos. A verdade é que tem que haver um acompanhamento directo ao longo de todo o ensino.

A necessidade de regionalizar a educação é uma das formas encontradas para tornar o sistema de ensino mais próximo. Ao conferir às autarquias o poder de investir na sua região, é possível dar uma maior autonomia às escolas para que no seu meio possam resolver os problemas.

Recriar a ligação entre a escola e a comunidade. O facto é que cada escola é um caso concreto que pode desenvolver soluções específicas e individuais que envolvam toda a comunidade. É também neste âmbito que a família pode ser um instrumento de sucesso.

Porém, e na medida em que nem todos os agentes sociais se encontram preparados para uma mudança, verifica-se o risco de pôr os autarcas a promover por si só o sucesso educativo e assim criar assimetrias regionais. Por outro lado, há uma falta de professores qualificados para enfrentar os desafios inerentes ao combate ao insucesso escolar. Na verdade, no domínio da sua formação, foi desenvolvida a competência de ensinar e não a de solucionar problemas.

O desejo comum é o de apoiar e promover as boas práticas desenvolvidas nestes domínios. O insucesso, o abandono e o absentismo são fenómenos transversais a todos os agentes sociais pelo que uma solução para este problema passará sempre pelo trabalho de todos.

A educação deve servir o desenvolvimento do país em termos económicos e sociais com grande sentido de realidade e necessidade estratégica de competição no mercado alargado.

É urgente a criação de uma nova cultura baseada no gosto pela leitura, pelo ensino e pela escola com níveis de qualidade cada vez mais elevados.

Deste modo, a qualificação portuguesa e a aposta numa formação continuada ao longo da vida parece ser um bom caminho.

Bem como manter a preocupação relativa a fenómenos sociais que possam conduzir à marginalidade, à delinquência e ao insucesso escolar. No fundo, unir esforços e não esquecer que a demissão dos pais na educação dos seus filhos consiste num indicador negativo e muitas vezes devastador.

Sobretudo, há que fomentar o gosto pela aprendizagem e dirigir todos os esforços para que o objectivo último do ensino seja concretizado com objectivos a longo prazo e que criam o futuro de amanhã.

Esta ideia é corroborada pelos conteúdos constantes nas intervenções do painel anterior. Assim, perante a diversidade das medidas apresentadas, relevam-se valores que preconizam o papel activo dos alunos no seu processo de aprendizagem conjuntamente com o estabelecimento de políticas sociais sustentadas que envolvam todos os agentes.

Em suma, para combater o insucesso escolar, há que pensar global e agir local.
Esta é talvez a melhor conclusão de um debate incisivo e premente.

No próximo ano, queremos repetir este Congresso numa segunda edição, e para tal, estamos totalmente à disposição de qualquer autarquia que o queira acolher. Assim sendo, aproveitamos esta oportunidade para lançar já o convite, e esperamos poder contar com a vossa presença.

Para concluir, gostaria de terminar com as palavras da Dra. Margarida Moreira:

“A natureza privilegiou Resende com uma riqueza extraordinária mas há que acreditar que a riqueza efectiva de Resende são as pessoas e as crianças.”

Obrigada.

Tatiana Almeida




 
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